[Resenha] - Exercita-te na piedade - III/III Final.


III - Paz (Romanos 12.18)


Incontáveis milhões de dólares, reais são gastos anualmente na busca da paz. Como cristãos sentimos os efeitos da ansiedade causada por circunstâncias inquietantes e angústia de relações rompidas. Há anos pessoas procuram paz pessoal ou familiar e enchem os consultórios dos conselheiros profissionais. Ao examinar de perto das Escrituras, vemos que a paz é tríplice. A paz com (1) Deus, (2) Nós mesmos, (3) Outras pessoas. 

  1. Paz com Deus (Romanos 5.1) - A base de nossa paz com Deus é justificação pela fé em Jesus Cristo. Não podemos ter paz interior ou paz com outras pessoas enquanto não tivermos paz com Deus. Antes de sermos salvos, por nascermos em pecado o relacionamento que tínhamos com Deus se caracterizava por alienação e inimizade (Colossenses 1.21). Éramos objetos de sua ira (Isaías 57.20,21). Todavia ao entrarmos em um relacionamento pessoal com Deus mediante a fé em Jesus Cristo, tudo muda. Deus promete em Provérbios 16.7 que os nossos inimigos vivam em paz conosco. A paz com Deus é, o fundamento de nossa paz interior e com os outros. 

  2. Paz pessoal - Embora o Cristão tenha recebido paz com Deus, há certos “perturbadores da paz” que impedem de experimentar. As adversidades mais comuns da vida roubam-nos a paz porque nossa tendência é lidar nós mesmos com esses acontecimentos. Jesus na noite em que foi traído (João 16.33). Jesus fez duas promessas. A primeira que teríamos problemas no mundo. A segunda é Ele venceu o mundo (Efésios 1.22). Nenhum detalhe é pequeno demais que escape aos olhos e atenção do Pai. Porque não cremos? Não deixemos satanás semear dúvidas em nossa mente acerca do amor e cuidado que Deus tem por nós (Filipenses 4.6,7). O grande antídoto para ansiedade é vi a Deus em oração. Devemos orar a respeito de tudo. Devemos dar graças por Sua fidelidade em livrar-nos de problemas. Ele está no controle e nada pode nos tocar sem o seu consentimento, porque em Sua infinita sabedoria e por causa de Seu amor, Ele pode operar nessas circunstâncias para o nosso bem.

  3. Paz com os outros - Quando Paulo diz que dentre os frutos do Espírito a paz está entre os nove traços deste fruto. A importância deste aspecto da paz evidencia-se amplamente em versículos como (Mateus 5.9, Romanos 12.18, Romanos 14.19, Colossenses 3.15, Hebreus 12.14, 1 Pedro 3.10,11). A busca da paz! A palavra grega aqui empregada também significa “perseguir”, ou seja, a ideia de esforço intenso ou vigilância em vi no encalço de alguma coisa a fim de atacar ou atormentar. Uma busca obstinada. Os conflitos que perturbam nossa paz com os outros devem ser enfrentados e tratados com coragem mas também com bondade. Buscar paz não significa fugir das causas da discórdia. 



Paciência (Colossenses 13.12,13)


A palavra paciência, conforme empregamos no linguajar cotidiano, no Novo Testamento representa diversas e diferente palavras é usada para descrever uma reação piedosa a situações variadas. Para desenvolver paciência em face aos maus tratos, devemos adquirir a convicção da fidelidade de Deus em operar a nosso favor (1 Pedro 4.19). Devemos confiar na justiça de Deus e entregamos a Sua fidelidade. Deus não somente trará com justiça, mas também com fidelidade para conosco. A pessoa cujo temperamento é propenso a descontrolar-se deve exercitar-se a paciência sob provocação. Em vez de desculpar-se dizendo “eu sou assim mesmo”, ela deve admitir que seu temperamento impaciente é um hábito pecaminoso diante de Deus. 

Meditar em Êxodo 34.6, 1 Coríntios 13.5 e Tiago 1.19 bem como orar para Deus para que o Espírito Santo transforme no íntimo. Não desanimar quando falhar. Os hábitos não se quebram facilmente e haverá fracasso, mas Provérbios 24.16.

A longanimidade deve ser nossa reação paciente as pessoas que nos maltratam ou provocam, a persistência e a perseverança devem ser nossa reação paciente às circunstâncias que provam. 

Persistência é a capacidade de resistir à adversidade. 

Perseverança é a capacidade de progredir a despeito dela. 

Ambas nas Escrituras acham-se associadas com a esperança! O objeto dessa esperança é nossa glorificação final com Cristo na eternidade. A vida que levamos aqui na terra não passa de uma busca dessa esperança. Nossa experiência cristã não é uma corrida de velocidade que logo termina, é uma corrida de distância que dura a vida toda. Ela demanda perseverança porque a recompensa, o objetivo de nossa esperança, está no futuro distante! Na Bíblia persistência e perseverança se acham associadas com frequência com o sofrimento. A persistência só pode ser produzida sob tensão física ou espiritual. É por isso que Deus é tão fiel em permitir ou trazer provações as nossas vidas, muito embora preferíssemos evitá-las. As provações sempre mudam nosso relacionamento com Deus. Levamo-nos a Ele ou nos afastamos DEle. A medida do nosso temor e a consciência de seu amor por nós determina a direção em que nos moveremos. Somente quando tememos a Deus é que nos submetemos às provações permitidas ou por Ele enviadas



    Benignidade (Gálatas 5.22,23 e Colossenses 3.12)


Billy Graham define benignidade como “bravura no trato com outras pessoas, ela demonstra uma consideração sensível pelos outros e cuida de nunca ser insensível aos direitos alheios”.

A benignidade se exemplifica pela maneira como lidaremos com uma caixa de copos de cristal de fina qualidade. É o reconhecimento de que a personalidade humana é valiosa, porém frágil e deve ser manejada com cuidado! O cristão atencioso ouve a razão e é imparcial e humanitário. Em vez de insistir na letra da lei - Ele se pergunta, ele pensa “Qual é a coisa certa a fazer nessa situação? 

Essa maneira de pensar  não deve ser confundida com a filosofia humanista “Se você achar que é certo, faça-o”. Que está centrada no eu e concentrada no indivíduo. Concentre-se na outra pessoa e indague - O que é melhor para ela?


Misericórdia e bondade (Gálatas 6.10)


A misericórdia e a bondade apresentam um desejo ativo de reconhecer as necessidades alheias. Misericórdia é o desejo sincero de que os outros alcancem a felicidade; Bondade é a atividade que promove essa felicidade. Misericórdia é a disposição interior, criada pelo Espírito Santo, que nos leva a ser sensíveis às necessidades alheias (seja física, emocional ou espiritual). Bondade é a misericórdia em ação por palavras e atos. Precisamos manter sempre em mente que nosso alvo no exercício da piedade é crescer tanto em devoção à Deus como em semelhança a Ele, no caráter e na conduta. A primeira menção encontra-se em Lc 6 “Porque Ele é bondoso para com os ingratos e maus”. A bíblia procura retratar a bondade de Deus em total contraste com a completa indignidade do homem.

Nossa inclinação natural é manifestar misericórdia somente aqueles com os quais temos afinidade natural, mas Deus é misericordioso até com os desprezíveis, ingratos e maus.

  

A verdadeira bondade não é meramente impulsiva, mas racional e atenciosa. Ela não se detém diante de algum problema para inquirir que serviço pode prestar, e qual a melhor maneira de fazê-lo. A bondade deve estar disposta a dedicar tempo atenção, paciência e até mão de obra, não apenas dinheiro, palavras bondosas e olhares compassivos - Bethune. 


(1 Pedro 4.10) Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros (...) Você é responsável não por fazer todo o bem que precisa ser feito no mundo, mas por fazer o que Deus planejou para você! A maioria das oportunidades para fazer o bem acontecem na trajetória comum de nosso dia. Não procure o espetacular, todos nós temos a oportunidade de proferir uma palavra bondosa ou de ânimo, uma pequena ação, invisível talvez, mais que faz a vida do outro agradável.



Amor (Colossenses 3.14)


O amor é graça sobre todos (os frutos do Espírito Santo) Paulo diz que é o vínculo da perfeição, ou seja, o amor vincula todas as demais virtudes em unidade perfeita. A devoção a Deus é a única motivação aceitável a Ele para o desenvolvimento do exercício do caráter cristão. Devoção a Deus é a motivação suprema para o caráter cristão, mas também é verdade que o amor ao irmão é a motivação mais próxima para o exercício da graça cristã na igreja. 

1 Coríntios 13, em declarações motivacionais poderia ser assim:

  • Sou paciente porque o amo e desejo perdoar-lhe.

  • Sou bondoso porque o amo e desejo ajudá-lo.

  • Não invejo suas posses, dons porque o amo e desejo que você tenha o melhor. 

  • Não me vanglorio de minhas realizações porque amo e desejo ouvir suas.

  • Não sou orgulhoso porque o amo e desejo estimá-lo antes de estimar a mim mesmo.

  • Não sou rude porque o amo e me preocupo com os seus sentimentos. 

  • Não sou interesseiro porque o amo e desejo atender as suas necessidades. 

  • Não me zango fácil porque o amo e desejo passar para o alto suas ofensas. 

  • Não mantenho registro de suas ofensas porque o amo e o amor cobre a multidão de pecados. 

O amor inclina-nos e dirige-nos no sentido de ser bondosos, perdoar dar-nos de nós mesmos aos outros (1 Pedro 4.8) João faz duas declarações à natureza de Deus “Luz” “Amor”. O amor aqui não é definido como ação mas como parte essencial da natureza divina. A bondade de Deus é a expressão maior da Sua glória. João diz (1 João 3.16) o amor dá, mesmo com alto custo para si próprio. Jesus deu a vida por nós. O perdão custou a Deus Seu filho na cruz. Mas qual o custo para perdoar-nos uns aos outros? O perdão não custa o senso de justiça, esta que satisfaz nossos próprios interesses. Deus é o único administrador imparcial de justiça em toda a criação, e a Sua justiça foi satisfeita. 

O amor bíblico não é emoções ou sentimentos, mas atitudes e atos que buscam os melhores interesses do outro sem levar em conta como nos sentimos. (1 Pedro 1.22; Romanos 12.10, 1 Tessalonicenses 3.12) Por fim devemos obedecer, fazer o que determina o amor.

  1. Não praticar o mal contra o próximo (Romanos 13.10).

  2. Perdoar as faltas, falhas cometidas.

  3. Colocar o nosso interesse abaixo.

  4. Estender a mão e abraçar o nosso irmão em Cristo.

Só Deus pode fazer com que o amor cresça em nossas almas.



Atingindo o alvo (2 Timóteo 4.7)


O exercício da piedade é uma disciplina, que demanda sério compromisso e perseverante esforço para atingir o alvo. A motivação de Paulo estava centrado em Deus (Filipenses 3.12-14). Ele não poderia pensar em perseguir nenhum outro algo senão aquele para o qual Cristo conquistou. Quantas vezes nós somos motivados por desejos outros que não os objetivos de Cristo para nós. Paulo prosseguia para o objetivo que Cristo tinha para ele, mas prosseguia para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Que prêmio é este? O prêmio desta vocação para o qual ele persegue com todas as forças é a glória eterna e celestial. Paulo sabia da sua cidadania celestial. Sua mente não estava nas coisas terrenas, mas na glória que teria quando Cristo o transformasse seu corpo humilde à semelhança do glorioso corpo de Cristo. 

A verdadeira graça sempre produz vigilância em vez de complacência. Sempre produz perseverança em vez de indolência. A fé salvadora sempre se manifesta pela busca do alvo celestial. 



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Jerry Bridges, Exercita-te na Piedade.

Editora Monergismo