[Resenha] - Exercita-te na piedade - II/III

II - Santidade (1 João 1.5)


A semelhança com o caráter piedoso edifica-se sobre o fundamento da centralidade de Deus: Devoção a Ele. Se quisermos desenvolver o caráter piedoso, temos de aprender que a Bíblia diz sobre o caráter do próprio Deus. O apóstolo João faz duas declarações: Deus é luz (1 João 1.5) e Deus é amor (1 João 4.8). O professor Howard Marshall explica “Deus é luz, significa revelação, salvação e santidade. A luz simboliza a absoluta perfeição de Deus. Ele é santo, nEle não há qualquer falha moral. Ele é perfeito em Sua santidade”! 

O que é santidade? Sem pecado, prático, direto e simples. A santidade não é uma opção mas um dever de todo crente.

Em 1 João 1.8 temos dentro de nós uma natureza pecaminosa e vivemos num mundo quebrado, influenciado por um diabo maligno. A tentação ronda por todos os lados, a nossa velha natureza se rende a ela. Somos chamados a ser santos porque Ele é santo. Como buscar a santidade? Há cinco elementos essenciais: Convicção, compromisso, disciplina, dependência, desejo. 


Convicção - Conhecimento da verdade (Romanos 12.2). Este processo de renovar a mente implica firmas convicções. Quando lemos as escrituras em espírito de oração, começamos a entender qual é a vontade de Deus com vistas a nossa conduta e ao nosso caráter, nossos valores começam a mudar o padrão de Deus passa a ser nosso deleite e nosso desejo, sem isto facilmente nos tornarmos presa de convicções de feitura humana. O único caminho seguro é permitirmos que o Espírito Santo estabeleça convicções mediante Sua Palavra, precisamos ser cuidadosos para não firmar convicções sobre um entendimento errôneo de algum texto isolado das Escrituras. Com conhecimento da verdade que renova nosso entendimento e nos capacita a compreender como Deus quer que vivamos. “Crença é aquilo que você segura; Convicção é aquilo que segura você”. Uma convicção não será verdadeira se não incluir um compromisso de viver de acordo com o que a pessoa alega crer. Compromisso não é um voto, mas um propósito de viver segundo a Palavra de Deus, à medida que ela aplica à vida da pessoa. 

Disciplina das escolhas diárias - A fim de experimentarmos a santidade para a qual Deus nos chama, é preciso fazer a escolha certa em face de cada tentação específica. Esta disciplina envolve nada menos do que esforço total para desviar-nos de todo pecado e fazer a vontade de Deus em qualquer área de nossa vida.

Dependência do Espírito - Não podemos mudar o coração, essa obra é exclusiva do Espírito Santo; Somente o Espírito Santo pode transformar-nos no íntimo, só ele pode dar-nos novos valores e desejos.

Um desejo centrado em Deus - Deus não nos concede poder para que possamos sentir-nos bem com nós mesmos. Ele nos concede para que possamos obedecer-lhe por amor a Ele, para a Sua glória. O desejo de santidade, a motivação para buscá-la deve ser desejo e motivação que tenha Deus no centro. Isto requer prática, somos por natureza centrados no eu. 



Domínio Próprio (Provérbios 25.28)


O domínio próprio é o muro de defesa do crente contra os desejos pecaminosos que guerreiam a sua alma. O domínio próprio envolve uma área muito mais ampla de vigilância do que mero controle de apetites e desejos corporais. Devemos, também exercer autodomínio sobre os pensamentos, emoções e as conversações. O domínio próprio é necessário porque estamos em guerra com os nossos desejos. O que o torna esses desejos pecaminosos tão perigosos é que eles habitam em nosso próprio coração. É impossível seguir a Jesus sem dispensar diligente atenção a graça do autocontrole (que Paulo usou em seu rol chamado Fruto do Espírito) refere-se antes de tudo à moderação ou temperança na gratificação dos desejos e apetites. O domínio próprio é o exercício da força interior sob direção do juízo sadio que nos permite fazer, pensar e dizer as coisas que agradam à Deus. Há três importantes áreas que afetam aspectos de nossa vida: Corpo, pensamento e emoções. 

Honre a Deus com o seu corpo (1 Coríntios 6.12) - A moderação resultante do domínio próprio impedem que coisas permissíveis se tornem senhores de nossos corpos. 

Levando cativo todo pensamento (2 Coríntios 10.5) - O domínio próprio de nossos pensamentos significa entreter na mente só os pensamentos aceitáveis a Deus. O autodomínio de nossos pensamentos é, mais do que simplesmente recusar-nos a admitir na mente pensamentos pecaminosos, a melhor diretriz para avaliar o controle de nossos pensamentos é aquela que Paulo dá em Filipenses 4.8. A mente é a estufa onde os pensamentos ilícitos uma vez plantados, são nutridos e regados antes de serem transplantados para o mundo real das ações ilícitas. As portas da vida de pensamento são os olhos e os ouvidos. O que vemos, lemos ou ouvimos determina em grande parte aquilo que pensamos. A memória desempenha grande papel no que pensamos, porém ela só armazena e devolve o que entra na mente por via dos olhos e ouvidos. E se guardamos os pensamentos mais facilmente guardamos a nossa língua (Mateus 12.34).

Refreando as emoções - Os sentimentos podem ser explosivos, como temperamento descontrolado ou podem estar apenas cozinhando em fogo lento, no caso autocompaixão. As emoções que precisam ser controladas ira e raiva, ressentimento, autocomiseração e amargura. Um temperamento descontrolado é uma contradição na vida da pessoa que busca refúgio (Provérbios 27.12). A prudência espiritual exige que os conheçamos a nós mesmos, nossas fraquezas e pontos vulneráveis. Somente quando estudarmos as Escrituras e a nós mesmos é que podemos exercer juízo correto. Devemos aprender a dizer não a essas paixões quando entram em nossa mente, devemos orar pedindo a Deus força necessária para refrear as paixões e desejos. Devemos compreender que a vontade é fortalecida pela obediência. 



Fidelidade (Provérbios 20.6)


São mais de setenta referências bíblicas à fidelidade de Deus. Quarenta destas no livro de Salmos, que relatam as lutas dos piedosos e sua total dependência à fidelidade de Deus. A salvação depende de sua fidelidade (1 Co 1.8-9). O livramento da tentação (1 Coríntios 10.13). A santificação (1 Tessalonicense 5.23). O perdão dos nossos pecados (1 João 1.9). Livramento em tempo de sofrimento (1 Pedro 4.19). Esperança de vida eterna (Hebreus 10.23) e nós temos a garantia de que o Senhor é fiel em todas as suas promessas (Salmos 45.13). A Bíblia toda é um tratado da fidelidade de Deus seja em preceito ou exemplo.

O dicionário define fiel - Firme no cumprimento das promessas ou na observação do dever - Sinônimos leal, honrado, confiável, responsável, a palavra tem conotação de absoluta honestidade ou integridade. 

Em Levítico 19.11, o Senhor abomina a mentira e detesta as transações desonestas. Mentira é qualquer engano em palavra, ato, atitude ou silêncio, em exageros deliberados em distorções da verdade. Mentimos ou enganamos quando fingimos ser algo que não somos. Se cuidarmos de ser honestos nas pequenas coisas, certamente cuidaremos de ser honestos nas situações mais importantes da vida (Lucas 16.10).

A fidelidade implica absoluta honestidade, total responsabilidade e inabalável lealdade. É necessário que a pessoa desenvolva convicções consistentes com este padrão baseada na Palavra de Deus. Memorize versículos sobre o tema fidelidade. Jesus disse a igreja de Esmirna “seja fiel até a morte” - Apocalipse 2.10. A fidelidade é algo que devemos fazer. Há recompensa em sermos fiéis, na parábola dos talentos (Mateus 25.21) pode-se alegrar que a fidelidade aqui é referida é em relação com Deus é quem exige que sejamos fiéis em todas as relações terrenas. Por isso se buscarmos crescer na graça da fidelidade de uns para com os outros é que teremos esperança de ouvi-lo dizer “Muito bem, servo bom e fiel”!.



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Jerry Bridges, Exercita-te na Piedade.
Editora Monergismo

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