Resenha: De perdoado a perdoador - Aprendendo a perdoar uns aos outros da forma de Deus
A Igreja vem redescobrindo a importância do perdão e da restauração. Este livro faz uma abordagem prática de relacionamentos reconciliadores e da compreensão de um caminhar mais profundo com o Senhor. O perdão é uma condição importante para a comunhão com o Pai Celestial. Não é uma opção. Perdoar é uma ordem de Deus. Nós não podemos ficar levantando hipóteses sobre como perdoar, a quem perdoar, quando perdoar ou quantas vezes perdoar. Perdão é maior necessidade do homem. Sem ele, o homem está condenado a parar a eternidade no inferno, sofrendo por seus pecados. Com o perdão, o homem vai passar a eternidade no céu com Deus, deleitando-se com os frutos eternos da justiça de Cristo. “Perdão é o óleo que mantém a máquina do lar cristão e da igreja funcionando perfeitamente”. Há muito a perdoar, pois há muitas e diversas situações que acontecem em nosso dia-a-dia como por exemplo como esbarrar no outro, bater o carro, desentendimentos, discussões, sob tais condições o perdão é o que impede as coisas de se quebrarem completamente.
O que é o perdão?
Muitas ideias erradas circulam por todo lado mascaradas como perdão, porém, não são o perdão bíblico. Provavelmente a maioria dos cristãos tem ideias erradas: “Quando alguém me ofende, espero que venha e esse desculpe. Então digo a ele: Tudo bem” (...). “Bem não consigo enxergar o que há de errado com as idéias que expressei” (...) “Todo mundo sabe que pedir desculpas é o que faz quando pede perdão” (...). O conceito de “pedir desculpas” - Onde você encontra isso na Bíblia? Pedir desculpas não é bíblico, ele é o substituto inadequado do mundo, para o perdão. É importante construir um alicerce bíblico adequado para todas essas discussões. Há dois modos de responder: “O que o perdão faz e é?”
O perdão faz - (O que ele realiza).
O perdão discutido sua natureza e essência - (Que elemento restou que faz o perdão ser perdão?)
Deus não obriga a perdoar o meu irmão, quer eu sinta ou não?
Martinho Lutero respondeu quando lhe perguntaram se ele se sentia perdoado “Não, eu não sinto que eles estão perdoados, eu sei que eles estão perdoados, porque Deus assim o diz em Sua Palavra”.
Não há na Bíblia sobre “sentimentos de perdão ou sobre ter sentimentos de perdão” para com o outro. Para descobrir o que é perdão, preciso estudar o perdão de Deus.
Perdão não é sentimento, se fosse, nunca saberíamos que fomos perdoados.
Quando Deus nos perdoa (Is 43.25) Deus nos faz saber que não vai mais conservar, registrados contra nós, nossos pecados.
O perdão é um processo final do qual Deus declara que o problema do pecado foi resolvido.
Deus onisciente que criou e sustenta o universo não se esquece, mas pode não se lembrar - em outras palavras Ele nunca trará a tona problemas para usar contra mim e você. Esquecer é passivo, nós seres humanos fazemos. Não se lembrar é ativo, é uma promessa que Deus determina não fazer. É uma forma de dizer “Não trarei à tona”.
O perdão é condicional ?
E se a outra pessoa não pede perdão ou após ter sido confrontada com seu próprio pecado, recusa-se a confessá-lo?
(Lc 23.34) Jesus está dizendo sempre que seu irmão faz algo errado com você, você é obrigado a agir. Não importa quão inocente você possa ter sido, quem tem que ir é você. Até porque você é quem obedece a ordem divina como cristão regenerado e tem o novo nascimento. Recusar-se a perdoar é uma decisão de vingança.
Se o perdão fosse incondicional, então todo esse processo de disciplina seria impossível - Em Mt 18-15 Jesus estabelece um esboço de programa de disciplina eclesiástica que ele pretende que sua igreja siga.
O perdão de Deus repousa sobre condições inconfundivelmente claras, ele é modelado por Deus (Ef 4.32). Os pecados dos que se arrependeram e confiaram no Salvador que derramou seu sangue por eles foram perdoados nas condições de arrependimento e fé. Você tem que nutrir uma genuína esperança e vontade de perdoar e o desejo de reconciliar-se.
Perdão após perdão.
Quando você tem de perdoar outra pessoa que ofendeu, antes de confessar o seu próprio pecado a Deus, esse fato o ajuda a reconhecer quão hediondo o seu pecado é para Deus. Como (Lc 6.35e Ef 4.32) indicam, ligar o próprio perdão recebido de alguém ao perdão dado, tende a desenvolver misericórdia e ternura naquele que ora. É uma forma de chegar a mar o seu próximo como a si próprio. Deus quer construir em seus filhos uma capacidade de compaixão. Uma pessoa cujo coração está cheio de vingança ou ressentimento não está pronta para o perdão, porque está agarrando-se a esses pecados, recusando-se a confessá-los e abandoná-los. Perdão após perdão deve ser corretamente entendido. Os resultados inevitáveis serão uma comunhão mais próxima com Seu Pai Celestial e com seus irmãos e irmãs em Cristo, bem como a promoção de maior unidade e sua igreja.
Quando você é ofensor?
Deus insiste que você esteja em boa relação com seus irmãos, caso espere permanecer em boa relação com Ele. Sua adoração é inaceitável, caso você tenha ofendido alguém e não tenha feito o certo em relação ao ofendido - confissão e perdão. Não perca a ordem de prioridade (Sl 51.17), antes de oferecer a Deus, endireite as questões com seu irmão; A oferta que Deus realmente quer é a reconciliação. Ao orar a Deus, devemos expressar um desejo genuíno e a intenção de nos reconciliarmos como nosso irmão. Nem todos os pecados são transgressões exteriores, contra alguém, há pecado do coração (Mt 5.28) que é conhecido apenas por Deus e o pecador.
Se você é o ofensor que provocou rachaduras numa relação entre você e alguém - você é obrigado a ir. E tem que ir rapidamente. Quando for, não vá justificando seu pecado. Não concentre-se no seu próprio pecado. Caso contrário, o arrependimento pode não parecer genuíno. A tentativa de reconciliação pode transformar-se em outra ofensa o que fará tudo difícil para uma reconciliação no final. Seja restrito ao que fez de errado.
Perdão não é tudo?
O perdão não é o fim em si mesmo; É um meio para um fim - um novo e melhor relacionamento com aqueles de quem nos tornamos distantes por causa de algum desentendimento. Deus não apenas quer que o perdão aconteça rapidamente, mas seu principal interesse está na nova relação que o perdão sempre tem de introduzir. O perdão está limpando os escombros do passado para que algo novo e bom seja construído em seu lugar. Na Salvação Deus não só o perdoa, retirando-lhe a culpa de seu pecado e prometendo nunca trazer seus erros de volta, contra você, só para depois esquecer-se de você. Deus passa a restabelecer um novo relacionamento com você, no qual Ele quer que você cresça perto dEle. Reconciliação é essencial.
O perigo é afastar-se. Se nada for feito ou se houver desistência quando as tentativas iniciais de reconstrução parecerem infrutíferas. Ao primeiro sinal de fracasso, peça ajuda. Se não for seguido por bem sucedidas ações de reconstrução provavelmente criará uma frieza polida entre as partes - se nada for feito em breve chegará um relacionamento estéril. Paulo em (2 Co 2.7-8) que são três movimentos necessários para restaurar completamente o irmão arrependido: O perdão, a ajuda e a reafirmação do amor.
O perdão não precisa de um discussão mais aprofundada.
A ajuda é traduzida como conforto - qualquer tipo de assistência ou ajuda necessária, no contexto da reconciliação.
Os relacionamentos não são construídos inesperadamente. Eles crescem de preocupações comuns, atividades conjuntas e passar dificuldades juntos. A preocupação deve ser genuína.
Reafirmação do amor (2 Co 2.8), reafirmar significa restabelecer. Quando há arrependimento e é readmitido na igreja, o arrependido volta com plenos direitos e privilégios de membro).
Como vimos, quando perdoo o outro, declaro que estou cancelando a dívida dele, removendo a culpa dele e prometendo que nunca mais vou trazer a tona a culpa dele. E que nunca mais vou trazer as ofensas dele para usar contra ele.
A promessa envolve três coisas:
Não vou trazer a questão a você;
Não vou levar a questão a ninguém;
Não vou trazer o assunto para mim.
O mundo não é uma comunidade perdoadora, é uma comunidade “desculpadora”. Há uma grande diferença entre ambas. Jesus nunca aceitou, ignorou ou tolerou o pecado, as declarações dele “Seus pecados estão perdoados” e “Vai e não peques mais” - Jesus perdoou pecadores, nunca aceitou como eram. Fazê-lo teria negado o propósito de sua vinda - tirar os pecados do mundo - teria feito na Cruz um erro inútil e cruel.
“Mas… Jesus não odeia o pecado, mas ama o pecador”?
É um slogan muito enganador que não tem absolutamente nenhuma base bíblica para isso.Em vez disso, a ira de Deus paira sobre a cabeça dos pecadores culpados, não perdoados. O que Deus pune eternamente no inferno pecado ou pecadores?
É impossível separá-los; Pecado não é algum tipo de substância que você passa no pão com manteiga. Você não pode realmente falar sobre pecado em si, porque os pecados são atos cometidos contra Deus e atitudes erradas do homem mantidas com respeito a Deus e a seu próximo. É mais fácil ignorar ou tolerar o pecado que perdoá-lo. Sem dúvida, é por isso que o mundo adota essa postura. Os que ignoram ou toleram o pecado não precisam fazer nenhum julgamento sobre o pecador. Os que perdoam consideram o pecador, culpado; repreendem-no, chama-o ao arrependimento, e a confissão do pecado, prometem nunca mais trazer o assunto a tona. Perdoadores em contraste com os desculpadores, tornam-se profundamente envolvidos com o pecador - no ponto exato do pecado dele. Procuram fazer-lhe o bem a um grande custo para si próprios. Perdoar não é fácil, é custoso. Sem dúvida esse é o motivo pelo qual muitos cristãos evitam o processo de perdão. A consciência dessa diferença e o contraste nela envolvido devem fazer a comunidade cristã muito mais cuidadosa em perseguir seu privilégio e obrigação de perdoar.
É da natureza caída do homem tentar outro caminho que por sua vez, tornam-se atalhos oferecidos no lugar dos caminhos de Deus revelados na Escritura . Esses atalhos são perigosos sempre, por não serem nada menos que maneiras de contornar os mandamentos de Deus. Os atalhos humanos jamais alcançam o que Deus quer realizar.
Mandamentos de Deus corretamente interpretados nunca entram em conflito. Deus tem Sua maneira de corrigir erros. Sua tarefa e a minha não é tentarmos determinar quais serão as reações das outras pessoas. Nossa tarefa é simplesmente obedecer - mesmo quando o perdão tem um custo. Não esqueça “Perdoá-lo custou a Deus o Seu filho”.
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Jay Adams - De perdoado a perdoador, aprendendo a perdoar uns aos outros da forma de Deus.
Editora Monergismo, 2015.