Resenha: Mulher sem nome — Dilemas e alternativas da Esposa de Pastor.



São raros os livros escritos sobre a Esposa de Pastor. O Termo “Pastor” pode ser o mais comum em nosso contexto evangélico. No entanto, esse termo, também significa presbítero, bispo, reverendo, obreiro, etc. Na tentativa de tentar explicar a escassez de livros sobre essas desconhecidas, citamos algumas: Quase ninguém se acha em condições de escrever sobre o tema. Geralmente receamos expor abertamente assuntos relacionados a nós e a nossa família. Por fim, será que há pessoas interessadas em ler sobre o tema “Esposa do Pastor”. E descobrimos que há muitas. E se não nos dispusermos a correr o risco, será impossível ajudar aquelas que estão dando os primeiros passos nessa caminhada. Ao compartilhar experiências, damos um pouco da nossa chama para quem nos ouve ou lê. A finalidade primordial deste livro é levar as mulheres que ocupam a função de Esposa de Pastor a glorificar a Deus em sua vida. Nenhuma de nós está isenta às ciladas do inimigo, muito menos a família do Pastor.
            Em nosso meio há líderes que percebem o potencial e as condições de um membro da Igreja para o ministério, que por sua vez dedicará à Deus, à visão de ministério e a perspectiva de vida. E o esposo será pastor, presbítero, bispo, obreiro, e nem sempre estão preparadas para esse chamado a qual envolverão as influências e cobranças naturais do cargo. E agora, o que fazer?
Deus não divide a família,, pois Ele quem a constituiu para permanecer unida. O casal só será completo e feliz se estiver dentro da vontade de Deus. E o esposo que desconsidera a opinião da esposa e parte para o desafio ministerial sem dar muita importância já começa mal e demonstra claramente a desvalorização de outro ser humano. A liderança cristã, amar o próximo é também considera-lo em suas posições.
Infelizmente alguns querem o status de pastor, para terem maior reconhecimento ou outro motivos que alimentem sua busca do ministério pastoral. E nesses casos o esposo pode provocar uma amargura no coração da esposa e divisão na família. A santidade de vida não precisa de títulos para se escorar. Quando Deus vocaciona alguém para o ministério, ele ajusta a esse chamado todas as demais pessoas ligadas a quem ele está chamando, sem violenta-las para o cumprimento do chamado seja completo, produzindo a alegria e realização pessoa a cada componente da família.
            Há mulheres que estão casadas a muito tempo, vida estabilizada e estruturada, e o marido é convocado para o ministério, elas aceitam de maneira tranquila porém têm dúvidas quanto ao que devem fazer para que a sua companhia ao lado do marido seja uma benção sem que, para isso, sejam anuladas. Agora é hora de pararmos para analisar as razões que nos levaram a condição de Esposa de Pastor. Pode ter sido um desejo consciente de servir a Deus, ou a aceitação da vontade divina, ou nosso compromisso com os valores do Reino. Se foi uma dessas razões ou mais dessas, vamos enfrente nos esforçando para melhorar cada dia nosso desempenho, sabendo que estamos servindo a Deus por meio da parceria ministerial. Deus está sempre disponível para ouvir as nossas frustrações, medos e pedidos de socorro.

EU SOU OU ESTOU ESPOSA DE PASTOR – Ser lembra-nos essência, envolvimento, aceitação do papel, empenho, estar bem interiormente, porque aquilo que realizamos com esforço e dedicação traz alegria e paz. Ela não só veste literalmente, mas mental e psicologicamente também. Por isso, ao vestir a camisa, ele vai defendê-la como se ela sempre tivesse sido essa a sua camisa e ele nunca tivesse pertencido a outro time.
            Contudo algumas irmãs estão esposa de pastor. Não sentem alegria, não entendem as emoções do marido. Não suportam as cobranças da Igreja. Não aceitam a etiqueta jogada como camisa de força sobre os filhos do pastor. Não se envolve nos assuntos da igreja. Irritam-se com pequenas coisas que acontecem na comunidade eclesiástica. Não aceitam.
Uma pessoa insatisfeita pode tornar-se amarga. Amargura gera amargura. É como um vírus contagia e contamina.

Para ser esposa de pastor, é preciso chamado especial?

            Há duas situações diferentes, uma delas é aquela em que a esposa se sente chamada para adquirir um preparo específico na área de música, educação religiosa, serviço social, etc; Nesse caso ela pode proporcionar grande ajuda ao ministério pastoral de seu esposo. E a outra situação é a mulher que aceita o desafio de fazer parceria conjugal ao lado do esposo vocacionado para o ministério. Antes de aceitar o desafio, ela já desenvolveu internamente um compromisso pessoal e sério com Deus. Em outras palavras, não existe vocação especial para ser esposa de pastor. Deus confia a mulheres, a tarefa de parceria ministerial. Ser esposa de pastor é um privilégio dado diretamente por Deus a nós, mulheres. Porque tem confiança em nós, e aí está a beleza da função.
            O importante é saber se realmente o marido é vocacionado por Deus, isso pode ser observado pelos frutos. Um homem verdadeiramente vocacionado tem um relacionamento saudável e íntimo com Deus, e esse relacionamento revela-se na maneira pela qual ele trata a esposa, os filhos e as demais pessoas, e em sua postura global com relação à obra de Deus. Seu compromisso com Deus é servi-lo de forma total e sincera. Entretanto, caso sua postura seja superficial torna-se difícil para sua esposa entender todas as implicações da função e exercê-las. Privilégio e responsabilidade formam um binômio [dois termos ligados por um sinal de mais ou de menos] inseparável, assim como obediência e benção.

Quem é a esposa, o que ela faz, quais são as suas aptidões, como se comporta, e outros aspectos de sua vida...?

Há igrejas que ignoram a esposa, porque acham que o seu compromisso é unicamente com o pastor. Agindo assim, a igreja perde a oportunidade de receber quem poderia dar a sua capacidade também. Ninguém é desprovido de talentos. Ser esposa de pastor não significa que estamos embutidas no marido, mas temos personalidade e talentos diferentes. Temos, em comum, o ideal de serviço, o compromisso de vida com Deus, e o desejo de contentar o Senhor com a nossa dedicação. Somos seres humanos individuais, com temperamento e características próprias, e isso precisa ser respeitado. Cada esposa de pastor é uma pessoa em particular.. Não somos obrigada a saber tudo e a assumir todos os departamentos e funções da igreja. Somos responsáveis em primeiro lugar pela família do pastor – nosso marido, nossos filhos, e nós. Nossa participação na igreja deverá está dentro de nossa capacidade, desenvolvendo assim os dons recebidos pelo nosso Senhor.

Em Provérbios 14.1 “A mulher sábia edifica”. Edificar é um processo, é preciso ter em mente que destruir é fácil, mas construir requer dedicação, planejamento, garra, humildade, compromisso cristão e a certeza de que fazemos parte de uma família escolhida por Deus para apoiar um vocacionado. A prudência é fundamental.

AS COBRANÇAS -  Não conheço outra pessoa na igreja que recebe mais cobranças do que a esposa do pastor. Ela e uma pessoa observada o tempo todo, e as opiniões sobre ela são as mais diversas. Desde “Ela cuida da família, é porque não se preocupa com a Igreja, até se veste bem, é porque está gastando dinheiro da igreja”. E por ai vai. Dentro dessas cobranças, existem comparações. O importante é você não deixar que o que as pessoas falam amargurem o seu coração, impedindo-a de receber a graça de Deus.

RELACIONAMENTO CONJUGAL – Viver um relacionamento conjugal sempre é uma arte, pois implica duas pessoas que se amam terem maturidade para ceder espaços emocionais e saberem resolver os conflitos sem interferência de terceiros, nem lançar mão de meios infantis ou chantagens. Agora quando é o relacionamento conjugal do Pastor e Esposa é visto pela comunidade como a maneira de ser ou de não ser do casal. A forma com que se tratam e manifestam carinho e consideração um pelo outro é muito bem observada pelos membros da igreja.
O pastor Arthur Alberto da Motta Gonçalves pronunciou em uma palestra em Niterói em 1990: “Não há púlpito mais poderoso do que o testemunho que o pastor e a esposa dão no seu casamento. Ele é chamado para o pastorado, e os dois são chamados para dar testemunho pelo casamento”.
            Quanto mais reforçado for o relacionamento conjugal desse casal, maiores serão as oportunidades de ministrar ensinamentos e bênçãos para casados, descasados e os que vão se casar. E tenha certeza que essa harmonia não vem pronta, é preciso o conhecimento de si mesmos, o conhecimento um do outro, e muita vontade de ambos encontrem m caminho de harmonia e acerto. O que existe são famílias saudáveis, equilibradas ao passo que as outras são disfuncionais. Há considerações a serem feitas:

1.    Cuidados com o marido pastor -  A posição de líder exige que ele esteja sempre à frente, e as pessoas observam nele todos os detalhes.
2.    Ciúmes e invejas – A função pastoral exige contato constante com as pessoas, ter ciúmes é manifestar cuidado. O que não pode é deixar que os exageros prejudiquem o ministério. Já a inveja é um câncer que corroí a pessoa internamente, e a maior prejudicada é sempre a pessoa invejosa.
3.    Confidências – O casal ministerial tem que ser cúmplice um do outro em tudo e por tudo. Confidências são confidências, devem ser mantidas em segredo.
4.    Sexto sentido – A mulher foi dotada por Deus a ver o que o homem não enxerga, podemos usar esse dom para o bem, ajudar pessoas e impedindo que males aconteçam.
5.    Estímulo – As tensões da vida ministerial são muitas. As oscilações entre chorar com uma família enlutada e rir com outra que acaba de receber um bebê saudável. A esposa é a única pessoas que pode ajuda-lo com palavras, gestos de carinho contribuindo assim para que ele se sinta renovado.

OS FILHOS – Educar filhos é uma tarefa complicada para qualquer casal, muito mais para o pastor e a esposa., já que a sua família vive numa vitrine constantemente observada. Educá-las, leva-las a Cristo e acompanhar o crescimento delas em todas as áreas, sempre foi uma caminhada que fizemos questão de fazer como casal. Os filhos do pastor é tema de muitas críticas e invasão de privacidade por parte de alguns membros da igreja. Lembre-se: Crianças são crianças em qualquer lugar do mundo, não importa quem sejam seus pais. E adolescentes, são adolescentes com suas crises e fases de altos e baixos. Não há privilégios ou obrigações estabelecidas apenas por se nascer na casa do pastor. O cuidado com nossos filhos é de nossa total responsabilidade, não se terceiriza essa missão. Ela é intransferível. A atitude mais correta dos pais é aproveitar a fase em que os filhos são pequenos para dar-lhes ensinamentos sólidos, enraizados na Palavra de Deus. Ter a consciência do dever cumprido nos traz muita paz com relação ao nosso papel de educadores. Não basta apenas ensinar, é preciso dar o exemplo. Os filhos cobram coerência de vida  do que os ensinamentos. A graça e a sabedoria para ajuda-los vêm do Senhor.

            Nada mais valioso para qualquer comunidade eclesiástica do que ter um pastor cuja família é equilibrada, espiritual, bem relacionada. Uma família é construída ao longo dos anos aliando a boa vontade do casal, bem como a ajuda de Deus. Ter consciência de suas fraquezas e limitações. A vontade de Deus é que, no relacionamento conjugal, um sirva de ponto de apoio para que o outro cresça e desabroche como pessoa. Quando eu ajudo meu marido crescer, a buscar mais conhecimentos e a desenvolver melhor seus relacionamentos, e ele age comigo da mesma forma, quem saí lucrando é o casal, filhos e o ministério como um todo. A benção de Deus vem para nós, para o outro e para todos os que convivem conosco. Não há como abrir mão de ser fiel. Primeiro seu compromisso com o Senhor, depois seu exemplo para os liderados.

            Por fim, Deus não confia responsabilidades a pessoas que Ele sabe , que não serão capazes de cumprir. Ele confia em mim, ele confia em você e nos capacita para desempenhar tarefas das quais jamais estaremos sozinhas. Deus nos reconhece individualmente e pelo nome. Façamos o melhor para Ele. Que Deus abençoe você, nesta tarefa difícil, mas sublime tarefa de ser Esposa de Pastor.

A Deus toda a honra, toda a glória e todo o louvor! Amém.                 




  
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Segunda edição revista e ampliada
Editora Vida, Janeiro 2009
Livro: Mulher Sem nome - Dilemas e alternativas da Esposa de Pastor.
Autora: Nancy Gonçalves Dusilek
— É bacharel em educação religiosa pelo IBER (RJ) e licenciada em letras pela Faculdade Veiga de Almeida (RJ). É também autora do livro liderança cristã: a arte de crescer com as pessoas (UFMBB). Nancy foi casada com Darci Dusilek por trinta e oito anos e é mãe de Sérgio e Heloísa Helena.