Série de Estudos 8/12 - Mulheres Notáveis - A Mulher Samaritana
A MULHER SAMARITANA: ENCONTRANDO A ÁGUA DA VIDA
Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo? João 4.29
Em João 4, conhecemos uma mulher samaritana. Cujo nome não é dado. Jesus a encontrou quando ela foi tirar água do poço e esse encontro transformou toda a vida dela. O apóstolo João usa 42 versículos para contar a surpreendente história do encontro dessa mulher com o Senhor.
Grande parte do cenário parece comum, temos uma mulher anônima fazendo a tarefa mais comum do cotidiano: Tirar do poço o suprimento diário de água para a sua casa. Ela foi sozinha num horário que era improvável que encontrasse outras pessoas no poço (isso indica sua situação de rejeitada). Jesus, que viajava pela região a caminho de Jerusalém, estava descansando ao lado do poço. Seus discípulos tinham ido até a cidade comprar comida. Não tendo corda ou balde com que tirar água. Jesus pediu a mulher que lhe desse água. Isso não é material para um drama. Na verdade diante deste cenário encontramos detalhes significativos. Em primeiro, tratava-se do poço de Jacó, localizado num pedaço de terra bastante conhecido pelos estudiosos do Antigo Testamento, na terra de Canaã. Esse terreno realmente se tornou a sede do lar de Jacó. O poço que já existia nessa propriedade não é mencionado no Antigo Testamento, mas a sua localização era bem conhecida nos dias de Jesus por séculos de tradição judaica e permanece até hoje como um ponto de referência. O poço é muito fundo, acessível apenas por meio de uma corda longa que desce por um orifício aberto numa placa de calcário macio. O reservatório no fundo é alimentado por uma fonte, de modo que a água é sempre fresca, pura e fria. Esse é o único poço, e a melhor água, num local em que abundam as fontes salobras. A existência desse poço nas propriedade de Jacó foi tida pelos Israelitas como um sinal da graça e da bondade de Deus para com o seu patriarca.
Outro detalhe surpreendente é o fato de que Jesus estivesse em Samaria era totalmente estranho (e talvez até um tanto escandaloso). Os samaritanos eram considerados impuros pelos Israelitas. Era um povo de raça mista que descendiam dos pagãos que haviam se casado com os poucos israelitas que permaneceram depois que os assírios conquistaram o Reino do Norte (722 a.C). Por volta do século 1º, os samaritanos tinham uma cultura distinta, construída em volta de uma religião sincrética, que misturava aspectos do judaísmo e do puro paganismo. Seu lugar de culto era sobre o monte Gerizim; Sambalá havia construído ali um templo para rivalizar com o templo de Jerusalém. O tempo samaritano era servido por falsos sacerdotes. Os israelitas do reino do norte haviam corrompido o judaísmo vários séculos antes disso, estabeleceram um falso sacerdócio. Esse judaísmo corrompido foi o que deu à luz o samaritanismo. Eles consideravam o Pentateuco (os cinco primeiros livros da Bíblia) como Escritura. Rejeitavam os Salmos e os Profetas.
Jesus quebrou propositalmente as convenções “era necessário” - Ele tinha um propósito a cumprir , que requeria que viajasse por Samaria, parasse nesse poço histórico, conversasse com essa mulher perturbada e fizesse uma revelação sem precedentes a respeito da sua verdadeira missão e identidade.
O que é inesperado sobre todo esse relato fantástico é que Jesus escolheu esse tempo, esse lugar e essa mulher como o cenário em que ele, pela primeira vez, revelou, formal e explicitamente, a sua verdadeira identidade como Messias.
A conversa de Jesus com a mulher começou simples e naturalmente - ele lhe pediu um copo de água. Ela expressou surpresa de que ele falasse com ela, e até quisesse beber de seu copo. Ignorando a pergunta dela, Jesus disse. Ele já estava insinuando a mensagem verdadeira que daria a ela. Ele continuou a falar da água viva, para ela que ficou muito curiosa e pediu que lhe desse dessa água viva.
Parábolas e metáforas eram recursos básicos de ensino naquela cultura. Jesus surpreendeu-lhe, porém em vez de de expor a sua vergonha a esse rabi, ela só disse uma parte da verdade: “Não tenho marido”. Ela não estava negando o seu pecado, mas é óbvio que não estava se orgulhando dele. Não importava, ELe sabia tudo sobre o seu pecado até os detalhes. Daqui uma nobre lição em vez de rejeitá-la ou castigá-la, ele ofereceu água viva!
Mil pensamentos devem ter passado por sua mente, certamente, ela se perguntou quem era exatamente esse homem e como ele sabia tanto a seu respeito. Mas ao contrário desta pergunta ela realmente esperava que esse rabi, que parecia saber tudo pudesse esclarecer o que parecia ser um debate fundamental dos séculos: Quem estava certo, os judeus ou os samaritanos? Gerizim ou Jerusalém?
Jesus não a repreendeu por mudar de assunto, mas deu-lhe uma resposta breve, mas poderosa, João 4.21-24.
Com esta resposta Jesus, primeiro fez com que ela soubesse que o lugar de adoração não é a questão principal. Os verdadeiros adoradores são definidos por quem eles adoram e como adoram. Segundo, ele deixou claro que a tradição religiosa em que ela crescera era totalmente falsa. Terceiro, ele a levou de volta ao assunto principal ao dizer que estava raiando um novo tempo em que nem Gerizim nem Jerusalém teriam o monopólio sobre o sacerdócio. Havia uma expressão sutil de perspectiva messiânica em suas palavras, e ela percebeu (v.25).
Não é significativo que essa mulher samaritana, criada numa cultura de religião corrupta, tivesse a mesma expectativa messiânica que as outras mulheres piedosas da Escritura?
Ela estava dando a forte impressão de que suspeitava que o próprio Jesus fosse o Messias. Pedro confessou sua fé de que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus Vivo, Jesus lhe disse - Mateus 16.17. O Espírito Santo estava trabalhando no coração dela. Deus, o Pai, a atraía irresistivelmente a Cristo, revelando para ela a verdade que nem olhos haviam visto, nem ouvidos haviam ouvido. Logo que ela mencionou o assunto do Messias, Jesus lhe disse - João 4.26. Essa é a declaração messiânica mais direta e explícita que Jesus fez. Nunca antes, em qualquer dos relatos bíblicos, ele havia dito isso de modo tão direto a ninguém. Nunca mais foi relatado que ele tivesse falado tão claramente, até a noite em que foi traído.
A luz de tudo isso, é realmente esclarecedor que a primeira vez que Jesus escolheu revelar a si como Messias tenha sido para uma mulher samaritana, com um passado tão nebuloso quanto o dela. A sua auto revelação é um testemunho de fé que ela demonstrou; O fato de ele ter-se declarado tão claramente é prova positiva de que a pequena centelha de esperança que fez a mulher buscar um Messias iria se desenvolver até chegar a uma fé autêntica e completa - ou já tinha se desenvolvido. Jesus não teria se comprometido com uma pessoa descrente - João 2.24.
Logo depois que os discípulos chegam, a mulher deixou o poço, abandonado o seu cântaro. Não foi distração que fez que ela o deixasse: ela pretendia voltar. O plano era trazer os principais homens da cidade e apresentá-los a Cristo. Ela havia conhecido algo tão maravilhoso, que não podia ser guardado em segredo. É a evidência de fé autêntica, a pessoa que acaba de ver tirado de si o fardo do pecado e da culpa sempre quer compartilhar as boas novas com outras pessoas. A empolgação dessa mulher era palpável. Observe que a primeira coisa que ela contou aos homens da cidade foi que Jesus lhe tinha dito todas as coisas que ela fizera. Ela não estava evitando os fatos do seu pecado, ela estava se deleitando no brilho do perdão, e nisso não existia vergonha nenhuma.
Era difícil resistir ao entusiasmo e à determinação dessa mulher, porque os homens da cidade voltaram com ela até o poço onde todos se encontraram com Jesus - João 4.39.
Que contraste o modo como Jesus foi recebido pelos escribas e fariseus em Jerusalém! Os líderes religiosos o odiavam porque ele estava disposto a conversar com trapaceiros e salafrários, assim como essa mulher samaritana. Os samaritanos não tinham falsos escrúpulos da hipocrisia religiosa; Suas expectativas messiânicas eram altas por essa razão, e seu desprezo por Cristo era forte pela mesma razão. Ele não se encaixava em nenhuma das ideias preconcebidas que eles tinham de como deveria ser o Messias. Ele repreendeu os líderes religiosos e abertamente confraternizou com publicanos e pecadores. Os líderes judeus o odiaram por isso. Os samaritanos tinham uma perspectiva diferente. Eles sabiam que o Messias havia sido prometido. O Pentateuco continha também todas as promessas conhecidas sobre o descendente da mulher, que esmagaria a cabeça da serpente, e o descendente de Abraão, em que todas as nações do mundo seriam abençoadas. É por isso que a mulher samaritana sabia que que o Messias estava chegando. Quando a mulher anunciou com ousadia que tinha encontrado o Messias e que ele conhecia tudo a respeito do seu pecado, mas a recebia assim mesmo, os homens de Sicar deram entusiasmadas boas-vidas a Jesus - João 4.40-42. Isso foi surpreendente reavivamento que certamente transformou aquele vilarejo.
A Escritura não nos conta o que houve com a Mulher Samaritana. Claramente o seu coração foi transformado pelo seu encontro com Cristo - 2 Coríntios 5.17.
Depois de três anos que a Mulher Samaritana se encontrou com Cristo no poço de Jacó, a Igreja foi fundada. Sua influência se espalhou rapidamente de Jerusalém a toda a Judéia, Samaria e até os confins da terra - Atos 1.8. Creio com certeza que essa mulher começou a sua nova dia levando muitos outros a Cristo, sem dúvida continuou o seu ministério evangelístico - João 4.39. Só o céu revelará os frutos amplos e de longo alcance do encontro desta Mulher notável com o Messias.
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Livro: Doze Mulheres Notáveis, John MacArthur 2a Edição.
(*) Imagem encontrada em site de busca, internet.
(**) O pastor John MacArthur é um dos líderes evangélicos mais preeminentes de nossos dias. Seus livros, pregações e ministério têm atingido milhões de pessoas em todo o mundo. MacArthur é presidente do ministério Grace to You e exerce seu ministério pastoral na Grace Community Church, na Califórnia.