Série de Estudos 6/12 Mulheres Notáveis - Maria

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MARIA: BENDITA ENTRE AS MULHERES


Uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria.
Lucas 1.27


Nenhuma mulher foi mais verdadeiramente notável do que Maria, ela foi soberanamente escolhida por Deus dentre todas as mulheres já nascidas - para ser instrumento singular pelo qual Ele enviaria o Messias.
A questão da sua “bem-aventurança” certamente não deve nos levar a pensar nela como alguém a quem orar pedindo bênçãos, mas sim que ela mesma foi abençoadíssima por Deus. A Escritura nunca a retrata como fonte dispensadora da graça, mas como quem receber a graça de Deus. Seu filho, e não Maria, é a fonte da graça Sl 72.17. Ele é a aguardada descendência de Abraão da qual fala da promessa da aliança “Nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz” Gn 22.18.
Várias tradições religiosas extrabíblicas e muitas mentes supersticiosas beatificaram Maria além do que é razoável, fazendo dela um objeto de veneração religiosa, conferindo a ela vários títulos e atributos que pertencem somente a Deus. Infelizmente, mesmo na nossa época, Maria, e não Cristo, é o foco central de adoração e sentimento religioso para milhões de pessoas. Elas acham que é mais fácil se aproximar de Maria e que ela é mais sensível do que Cristo. Eles a reverenciam como a perfeita Mãe de Deus supostamente intocada pelo pecado original, uma virgem perpétua e até corredentora com o próprio Cristo. O dogma católico diz que ela ascendeu corporalmente ao céu, onde foi coroada “Rainha do céu”. Seu papel hoje, de acordo com a lenda católica, é o de mediadora e intercessora. Assim multidões dirigem orações a ela em vez de somente a Deus.  
Ninguém menos que o Papa João Paulo II declarou a sua dedicação total a Maria. Ele consagrou todo seu pontificado a ela e tinha um “M” (de Maria) bordado em todas as suas vestes papais. Ele orava a ela, creditando-a por ter salvado a sua vida, e no seu último testamento, deixou o cuidado da Igreja Católica Romana a Maria. Tanta homenagem é prestada a Maria nas Igrejas Católicas no mundo, que a centralidade e a supremacia de Cristo são muitas vezes totalmente obscurecidas pela adoração de sua mãe. Toda essa veneração de Maria não tem base bíblica. Na verdade é contrária as Escrituras que expressamente nos diz em Ap 19.10.
A Escritura desmascara expressamente algumas lendas sobre ela. A ideia de que ela tivesse permanecido virgem, por exemplo, é impossível conciliada com o fato de que Jesus tinha meios-irmãos e irmãs que são mencionados na Escritura junto com José e Maria com seus pais Mt 13.55-56 e Mt 1.25.
A concepção imaculada de Maria e sua suposta condição de não pecadora são igualmente sem base na Escritura. A Escritura a retrata como uma jovem normal de origem comum de um vilarejo de camponeses numa região pobre de Israel, que era noiva de um jovem trabalhador braçal que ganhava a vida como carpinteiro. Se nós encontrássemos Maria antes que o seu primogênito fosse concebido talvez nem a notaríamos, tamanha era a sua simplicidade. Maria tinha alguns antepassados ilustres. Lucas nos dá a sua genealogia detalhada Lc 3.23-38. Mateus fornece a genealogia de José Mt 1.1-16. Ambos eram descendentes de Davi.


Quando encontramos Maria pela primeira vez no Evangelho de Lucas, trata-se da ocasião em que o arcanjo lhe apareceu repentinamente e sem clarinadas para revelar a ela o maravilhoso plano de Deus.
Maria é o equivalente do hebraico “Miriam”. Esse nome pode ter derivado da palavra hebraica “amarga” (como vimos na história de Rute, sua sogra Noemi referiu-se a si mesma como “Mara”, uma referência à amargura de suas provações). A vida da jovem Maria pode ter sido cheia de amargas dificuldades. Sua cidade era uma comunidade abandonada num distrito pobre da galiléia. Nazaré foi motivo de desdém de pelo menos um dos futuros discípulos. Quando Filipe contou a Natanael que tinha encontrado o Messias, e que o Ungido era um galileu de Nazaré, Natanael perguntou “De Nazaré pode sair alguma coisa boa”? Jo 1.45-46.
Há outros detalhes históricos sobre a origem da vida de Maria, tinha uma irmã de acordo com Jo 19.25 mas não há dados suficientes para identificarmos quem era a irmã, sabemos que ela discípula próxima de Jesus a ponto de estar presente em sua crucificação.
A Escritura claramente ensina que Maria era virgem quando Jesus foi milagrosamente concebido em seu ventre. Lucas 1.27 a chama duas vezes de virgem, usando um termo grego que não permite outro significado. A Escritura diz claramente que o testemunho de Maria é claro, jamais tivera intimidade física com homem algum. Seu noivado com José foi um noivado legal e conhecido como Kiddushin, que naquela cultura durava um ano inteiro. Legalmente, o Kiddushin era tão sério quanto o casamento. O casal era chamado  de marido e mulher, e só um divórcio legal poderia dissolver o contrato de casament. Durante esse período o casal morava separadamente e não tinha relações físicas. Um dos pontos cruciais do Kiddushin era demonstrar fidelidade de ambos cônjuges.
Mas o privilégio veio com alto preço pessoal para Maria, porque tinha o estigma de uma gravidez fora do casamento. Embora ela fosse totalmente casta o mundo tenderia a pensar de outro modo. Mesmo José acreditou no pior. Ele era um homem justo  que a amava, e a Escritura diz que ele não queria fazer escândalo público, mas estava tão abalado com a notícia da gravidez, que não via outra opção senão o divórcio. Então um anjo lhe apareceu.
Não temos evidência de que Maria pode ter previsto todas essas dificuldades no momento que o anjo lhe disse que conceberia um filho. Sua alegria e maravilha, ao saber que seria mãe do Redentor, podem ter sido marcadas significativamente pelo horror do escândalo que a aguardava. Ainda assim, sabendo do preço e pesando-o contra o imenso privilégio de ser mãe do Cristo, Maria se entregou incondicionalmente.
Cheia de alegria e de louvor, Maria correu para as montanhas para visitar a sua parente amada, Isabel. O anjo havia informado especificamente a Maria sobre a gravidez de Isabel. Era a oportunidade perfeita para as duas mulheres passarem um tempo se regozijando juntas na bondade do Senhor para com elas.
Em Lucas 1.46-52 fica claro que o jovem coração e a mente de Maria já estavam cheios da Palavra de Deus. Deus era o único que ela magnificou. Observe que ela louvou a glória e majestade de Deus enquanto repetidamente reconhecia a sua própria inferioridade. Ela não atribuía nenhum mérito a si, mas louvava o Senhor por Seus atributos, mencionando especificamente alguns dos principais, o Seu poder, a Sua misericórdia e a Sua santidade. Ela confessou livremente a Deus com quem tinha feito grandes coisas por ela, e não vice-versa. O cântico é sobre a grandeza de Deus, a glória de Deus, a força do seu braço e a sua fidelidade de geração em geração.


Durante todo o ministério terreno de Cristo, Maria aparece em apenas três ocasiões. Em duas delas, o próprio Jesus repudiou a idéia de que a autoridade terrena dela sobre ele como mãe lhe dava direito de gerenciar qualquer aspecto de sua obra salvadora. Ele o fez sem desrespeito, mas repudiou totalmente e de modo claro a idéia de que Maria seria uma espécie de mediadora da sua graça. A primeira dessas ocasiões foi num casamento em Caná, no qual Jesus realizou o seu primeiro milagre Jo 2.1-3.
O segundo momento foi quando escribas tinham vindo de Jerusalém e acusaram Jesus de estar expulsando demônios pelo poder de Belzebu Mc 3.31-35. Novamente Jesus mandou a mensagem no que dizia a respeito à sua obra espiritual, seus parentes terrenos não tinham mais autoridade sobre ele. Como sempre, ele tinha de fazer o trabalho de seu Pai, e ela não precisava ser consultada para isso. Por fim, Maria aprendeu a submeter-se a autoridade de Seu Senhor, em vez de tentar controlá-lo com mãe. Ela tornou-se uma discípula fiel. Parece que ela entendeu a realidade da obra que ele tinha que fazer, e que ela não poderia dirigi-lo. Acabou seguindo-o até a cruz, e na tarde escura em que ele morreu, ela estava por perto, com um grupo de mulheres, assistindo tudo, triste e horrorizada. A crucificação é a terceira vez e última que Maria aparece ao lado de Jesus durante os anos de seu ministério público. Enquanto Maria quietamente assistia à morte de Jesus, outros gritavam insultos cruéis, escarnecendo dele. Seu sentimento quanto a injustiça do que estava sendo feito deve ter sido muito profundo. Afinal de contas, ninguém entendia melhor que Maria a perfeição absoluta e sem pecado de Jesus. Ela o alimentou quando bebê e o criara quando menino. Ninguém podia amá-lo mais do que ela. A dor da angústia de Maria é inimaginável.


A própria Maria nunca disse ser, nem pretendia ser, mais que uma humilde serva do Senhor. Ela foi notável porque o Senhor a usou de modo notável. Ela pensava claramente de si como sendo totalmente comum. É retratada na Escritura como instrumento que Deus usou para o cumprimento de seu plano de ação Divino, e nunca estimulou ninguém a vê-la como mediadora na dispensação da graça Divina. A perspectiva humilde refletia no Cântico de Maria é o mesmo espírito de humildade que colocou toda a sua vida e seu caráter.
Ela é uma mulher digna de ser imitada, mas a própria Maria sem dúvida, se horrorizava com a ideia de que alguém orasse a ela, venerasse a sua imagem ou queimasse velas em sua homenagem. Sua vida e seu testemunho apontavam sempre para o seu filho. ELe era objeto do seu culto. Era ELe que ela reconhecia como Senhor. Era nELe que ela confiava para tudo. O próprio exemplo de Maria, visto à pura luz da Escritura, nos ensina a fazer o mesmo.


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Livro: Doze Mulheres Notáveis, John MacArthur 2a Edição.
(*) Imagem encontrada em site de busca, internet.

(**) O pastor John MacArthur é um dos líderes evangélicos mais preeminentes de nossos dias. Seus livros, pregações e ministério têm atingido milhões de pessoas em todo o mundo. MacArthur é presidente do ministério Grace to You e exerce seu ministério pastoral na Grace Community Church, na Califórnia.