Série de Estudos 7/12 - Mulheres Notáveis - Ana
ANA: TESTEMUNHA FIEL
E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Lucas 2.38
Todos os crentes fiéis em Israel já esperavam o Messias e procuravam diligentemente por ele exatamente no tempo em que Jesus nasceu. A ironia é que pouquíssimos o tenham reconhecido, por ele não vir ao encontro de suas expectativas. Eles procuravam um poderoso líder político e militar que se tornaria rei conquistador. Ele nasceu numa família camponesa. As pessoas esperavam que ele chegasse com muito alarde e ostentação; ele nasceu numa manjedoura, quase em segredo.
As únicas pessoas em Israel que reconheceram a Cristo em seu nascimento eram humildes e simples. Os magos de Mateus 2.1-12 é claro, eram estrangeiros e gentios, eles eram ricos, poderosos e influentes em sua própria cultura. Mas os únicos israelitas que entenderam que Jesus era o Messias quando ele nasceu foram Maria e José, os pastores, Simeão e Ana. Lucas relata a história de cada um deles em sucessão, como se chamando várias testemunhas, uma de cada vez, para estabelecer a questão.
A última testemunha que ele chama é Ana. Tudo o que a Bíblia diz a seu respeito está contigo em apenas três versículos Lucas 2.36-38. Ela não é mais mencionada em nenhum outro lugar da Bíblia. Mas esses três versículos foram o suficiente para estabelecer a sua reputação como uma mulher autenticamente notável.
Simeão havia tomado nos braços o infante (menino) Jesus e pronunciado uma benção profética sobre ele. “Naquela hora”, diz Lucas, Ana apareceu e imediatamente entendeu o que estava acontecendo e quem era Cristo. Talvez ela tenha ouvido a bênção de Simeão. Provavelmente ela o conhecia pessoalmente, pois ela era assídua frequentadora do templo e Simeão era descrito como “justo e piedoso” (v.25). Como todas as mulheres notáveis que vimos até agora, as esperanças e os sonhos de Ana eram cheios de expectativa messiânica. Ela conhecia as promessas do Antigo Testamento e entendia que a salvação do pecado e a bênção futura de Israel dependiam da vinda do Messias.
Ana aparece numa brevíssima vinheta no Evangelho de Lucas, mas a sua inclusão foi ali eleva a importância de sua vida e de seu testemunho. Ela foi abençoada por Deus para ser uma das poucas testemunhas-chave que entenderam o significado do nascimento de Jesus. Ela não fez nenhuma tentativa de guardar segredo, tendo se tornado, uma das primeiras testemunhas de Cristo. Nos três versículos que são dedicados à sua história, podemos colher muitas informações a respeito da vida extraordinária de Ana. A narrativa de Lucas está carregada de expressões-chave que nos dão uma compreensão surpreendente rica da vida e do caráter de Ana.
Lucas a apresenta “Havia uma profetisa, chamada Ana” seu nome é hebraico, significa “graça” - lembre-se da mãe de Samuel. As duas mulheres eram conhecidas pela prática de orar e jejuar, um nome apropriado para quem é piedosa e digna. As duas profetizavam. No caso da mãe de Samuel, lembramos de sua oração de júbilo, a Ana a qual estamos conhecendo hoje era profetisa cujo coração estava preparado para a vinda do Messias.
O que Lucas quis dizer por profetisa? A palavra profetisa simplesmente designa uma mulher que falava a Palavra de Deus. Esse dom de proclamar a verdade de Deus acabou desempenhando um papel importante no ministério pelo qual ainda hoje ela é lembrada. Em todo Antigo Testamento, apenas cinco mulheres são mencionadas como “profetisa”. A primeira é Miriam, irmã de Moisés. A segunda mulher do Antigo Testamento é Débora. A terceira é Hulda. A quarta Noadias. A quinta é esposa de Isaías.
Era raro Deus falar ao povo por meio de mulheres, e nunca uma mulher teve um ministério contínuo de profeta semelhante ao de Elias, Isaías ou qualquer outro dos principais profetas do Antigo Testamento. O fato de Lucas ter identificado Ana como profetisa não significa necessariamente que ela recebesse pessoalmente a revelação divina. Significava que ela tinha uma reputação de mestra de outras mulheres e encorajadora fiel de outros adoradores no templo. Ela tinha passado a vida inteira escondendo a Palavra de Deus no seu coração. Essa era a essência do que geralmente ela tinha a dizer. Quando Lucas chama Ana de “profetisa” ele está mostrando o seu caráter e fornecendo um vislumbre do que ocupava a mente e a conversa dessa mulher.
Ana e identificada como “filha de Fenuel, da tribo de Aser”. O fato de Ana ser descendente de Aser sugere que a sua ascendência deve muito à graça de Deus. Seus ancestrais ou migraram para o Sul antes da conquista assíria de Israel ou estavam entre os poucos e espalhados exilados que voltaram do cativeiro. Ela fazia parte do remanescente crente do reino do norte, e era símbolo vivo da fidelidade de Deus para com o seu povo.
Quando Jesus nasceu, Ana já era de idade avançada. Ela não teve uma vida particularmente fácil. O mundo dela foi despedaçado pela tragédia quando ainda estava jovem, antes de ela ter filhos. O marido morreu sete anos depois que se casou e ela permaneceu sozinha, ela era viúva 84 anos. A viuvez naquela sociedade era extremamente difícil. É por isso que na Igreja Primitiva, o apóstolo Paulo insistia que a as viúvas jovens se casassem de novo para que a Igreja não fosse sobrecarregada com o sustento delas. É provável que Ana vivesse de caridade, uma vida casta e moderada, o retrato dessa devotada senhora idosa, digna, calma e dedicada ao ministério.
Lucas nos dá outro detalhe significativo sobre Ana “Esta não deixava o templo” - uma declaração enfática que deve ser entendida literalmente. Talvez por sua longa fidelidade, seus dons espirituais, dedicação ao Senhor e constante ministério de oração e jejum. Ela era uma idosa muito zelosa, o Senhor lhe concedia graciosamente um lugar em sua casa (No templo) e orquestrava soberanamente qualquer que fosse o arcanjo que ela tivesse com os zeladores do templo. Ana era uma mulher extraordinária aos olhos de todos os que a conheciam. Era dedicada ao serviço e à adoração de Deus - em especial por suas orações e jejuns.
O modo de sua oração acompanhada por jejum, fala da sua autonegação e sinceridade. O jejum por si só não é um exercício útil. Abster-se de comer per se não tem nenhum efeito místico sobre qualquer coisa espiritual. O jejum com coração revela um coração tão consumido pela oração e ansioso por receber a bênção que a pessoa simplesmente não se interessa por comer. É então que o jejum tem verdadeiro valor.
Sobre o que você acha que Ana orava? Certamente sobre muitas coisas, mas não há dúvida de que um dos principais assuntos era um pedido sincero pela mesma coisa que Simeão pedia “a consolação de Israel”. Ela orava para que Deus enviasse um libertador prometido, O Messias. Ela levava a sério a Palavra de Deus, Ana tinha notável conhecimento das verdades espirituais.
“E chegando naquela hora, dava graças a Deus”; Tudo pelo que ela tinha orado e jejuado estava ali diante dela, embrulhado numa pequena trouxa nos braços de Simeão. Pela fé ela soube que a profecia de Simeão era verdadeira e que Deus havia respondido às suas orações. Ana sabia quem eram os remanescentes que criam. Ela podia identificar os verdadeiros adoradores - aqueles que, com ela, esperavam O Messias. Foi assim que essa querida senhora que passara tantos anos falando com Deus se tornou conhecida por falar com pessoas a respeito de Cristo. O Messias finalmente havia chegado, e ana foi uma das primeiras e mais pacientes testemunhas de Cristo.
O que aconteceu depois com Ana não está escrito. Ela já estava no céu quando Cristo começou o seu ministério público, cerca de trinta anos mais tarde. O dia de sua consagração foi provavelmente a única vez que ela viu com os próprios olhos. E para bastava. Essa é a parte mais preciosa do legado dessa mulher maravilhosa.
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Livro: Doze Mulheres Notáveis, John MacArthur 2a Edição.
(*) Imagem encontrada em site de busca, internet.
(**) O pastor John MacArthur é um dos líderes evangélicos mais preeminentes de nossos dias. Seus livros, pregações e ministério têm atingido milhões de pessoas em todo o mundo. MacArthur é presidente do ministério Grace to You e exerce seu ministério pastoral na Grace Community Church, na Califórnia.