Série de Estudos - 4/12 Mulheres Notáveis - Rute
Rute: Lealdade e Amor
“O teu povo é meu povo, o teu Deus é o meu Deus” - Rute 1.16
O livro de Rute no Antigo Testamento é uma história de amor impecável em formato compacto. Abrange toda a gama de emoções humanas, desde luto mais sofrido até o ápice do triunfo de um coração alegre. A vida de Rute foi a experiência verdadeira e histórica de uma mulher notável, um retrato perfeito da história de redenção. Era uma viúva e estrangeira que foi viver numa terra estranha. Circunstâncias trágicas a reduziram a uma miserável pobreza. Ela não tinha recursos, não tinha esperança de se redimir por quaisquer meios. No momento de maior aflição, ela buscou a graça do seu parente mais próximo, de sua sogra.
A história de Rute começa perto do fim do tempo de Juízes, no Antigo Testamento, um século antes do tempo de Davi, numa época caracterizada pela Anarquia (sociedade constituída sem governo) confusão e infidelidade à Lei de Deus. Naqueles dias havia na terra de Israel severa fome.
Em Rute 1.1-2 somos apresentados à família de Elimeleque, ele tinha uma esposa Noemi, dois filhos Malom e Quilom. Sua cidade natal era Belém. Com a escassez de alimento na terra de Israel ele foi forçado a buscar refúgio em Moabe uma terra fértil, mas seca, terra de poucas árvores sendo boa para pasto de ovelhas e gado.
*Moabitas eram descendentes da filha mais velha de Ló, pela relação incestuosa com seu pai. Os moabitas e os israelitas geralmente desprezavam-se mutuamente. O paganismo dos moabitas tipificavam tudo o que é abominável na idolatria. A cultura moabita exalava tudo o que os israelitas fiéis deveriam desprezar.
Elimeleque morre em Moabe, deixando Noemi viúva e com a responsabilidade de dois filhos que se aproximavam da idade adulta, logo se casaram. Suas mulheres eram moabitas (Rt 1.3-4). Nenhum Israelita devoto teria considerado esse casamento como bom. Era proibido aos homens israelitas se casarem com mulheres cananeias, para não se desviarem para outros deuses (Dt 1.3); Noemi e seus filhos estavam presos pelas circunstâncias desesperadoras e ela aceitou essas noras, Orfa (significa obstinada) casa-se com Quiliom e a outra Rute (significa amizade) casa-se com Malom o mais velho. Noemi e seus filhos moraram 10 anos em Moabe, nenhum dos dois tiveram filhos, o que seria raro depois de 10 anos de casamento.
Enquanto as coisas não pareciam melhorar para Noemi. Na verdade pioraram. Tanto Malom quanto Quiliom morreram. Naquela cultura essa situação era quase insuportável. Três viúvas, sem filhos, sem parentes, em tempo de fome não poderiam esperar sobreviver por muito tempo. Não sabemos a causa das mortes deles.
Noemi, Rute e Orfa estavam a beira da ruína. Quando Noemi ouviu que a seca tinha acabado em Israel, ela resolveu rapidamente voltar. Ela agora estava viuva, pobre, sem filhos e idosa (Rt 1.12), e assim decidiu voltar a Belém. As duas noras começaram a dura viagem com Noemi, ela decidiu liberá-las devido às circunstâncias, dizendo para elas voltarem para as suas famílias.
Rute estava decidida a permanecer com Noemi, por maior que fosse o custo pessoal. A jovem sentia que nada mais tinha a perder. Parece que desenvolveu um profundo laço de amizade e apego à sua sogra. Noemi bem que tentou dissuadir Rute. Em Rt 1.16-17 expressou firmemente a sua decisão de permanecer com Noemi; Seu afeto era sincero. Ela queria permanecer como parte da família, acima de tudo, sua dedicação ao Deus de Israel era real. Isso é um testemunho surpreendente maduro e significativo de fé pessoal, especialmente a luz do fato de vir dos lábios de uma jovem criada numa cultura pagã.
Depois de 10 anos em Moabe, Noemi voltou para as pessoas que se lembravam dela e a conheciam por nome. Sua volta causou muitos comentários. Noemi significa “Agradável”, mas agora a sua vida estava marcada pela tristeza ao ponto dela dizer “Não me chamem Noemi, chamei de Mara”. Ela estava reconhecendo a sua fé na soberania de Deus mesmo em meio a uma vida de amarga tristeza. A Escritura nos conta a respeito de Noemi que ela permaneceu firme na fé mesmo em meio a esses problemas. Ela não era diferente de Jó revela uma fé sem ressentimentos.
Elimeleque tinha um parente rico de nome Boaz. Era dono de vastas terras e considerável influência. A concordar com Noemi em voltar para Belém, Rute a ajuda, ela jovem e forte. Então foi trabalhar nos campos, rebuscando o que os colhedores deixavam para trás para prover grãos para subsistência dos pobres. A lei bíblica estabelecia isso como um meio pelo qual até os mais carentes em Israel pudessem sempre obter sustento (Lv 19.9-10; 23.22).
Aconteceu que ela estava rebuscando num dos campos de Boaz e ele a viu (Rt 2.3). Nada aconteceu “por acaso”, mas Deus, sempre opera todas as coisas juntamente para o bem de seu povo (rm 8.28). Não existe sorte ou acaso para os crentes.
Boaz visita seus campos, para observar o progresso da sua colheita. Foi quando viu a Rute, imediatamente se interessou por ela. Boa procurou o capataz de seus empregados e perguntou a respeito dela. (Rt 2.6-7).
Boaz percebeu que essa mulher era sua parenta e começou a mostrar-lhe favor especial. Comovida com a sua bondade e generosidade (Rt 2.10). Boaz explicou que ouvira falar da sua fidelidade para com Noemi e o sacrifício que ela fizera para vir a uma terra estranha (Rt 2.12).
Rute continuou a trabalhar duro o dia todo. Noemi ficou surpresa com a prosperidade de Rute, e lhe perguntou onde Rute havia encontrado essa benção especial (Rt 2.19). Rute contou que o benfeitor era Boaz; Noemi viu imediatamente a mão de Deus (Rt 2.20).
A palavra hebraica traduzida “nosso parente chegado é Goel”. Incluí a ideia de redenção ou libertação, o Goel era um homem de honra da família, era o guardião.
Noemi tinha avaliado corretamente a situação e instruiu Rute sobre o que fazer. Certamente Noemi não teria pedido para Rute que comprometesse a sua virtude ou deixasse a piedade e a modéstia de lado.
Era final do tempo de colheita. Boaz trabalharia até tarde, dormiria no relento na eira durante a noite e madrugada. A colheita havia sido abundante. Depois de anos de fome. Conforme as instruções de Noemi a Rute (v.7). Nada de imoral aconteceu é evidente; A Escritura deixou isso claro. Boaz a despertou e mandou para casa antes de amanhecer. Noemi aguardava notícias. rute contou a história toda (V.18). Boaz foi ao portão da cidade e encontrou a parente mais próxima de Noemi, os dois se assentaram na presença de dez anciãos da cidade e negociaram o direito do Goel de Rute.
Quando se espalhou a notícia, os habitantes da cidade começaram a se juntar. Pronunciaram uma bênção sobre Boaz e sua noiva, Rute (Rt 4.11-12).
Essa benção foi profética. Boaz e Rute se casaram e o Senhor logo os abençoou com um filho. Tudo se cumpriu, conforme explica o versículo 17. Rute foi bisavó de Davi.
Uma mulher moabita aparentemente desgraçada, cuja lealdade e fé a levaram do seu povo e como estrangeira para a terra de Israel, tornou-se mãe da linhagem real que finalmente produziria o primeiro grande rei da nação.
É por essa razão que a história notável de sua redenção deve fazer o coração de cada crente ressoar com profunda alegria e gratidão por aquele que, nos redimiu de nosso pecado.
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Livro: Doze Mulheres Notáveis, John MacArthur 2a Edição.
(*) Imagem encontrada em site de busca, internet.
(**) O pastor John MacArthur é um dos líderes evangélicos mais preeminentes de nossos dias. Seus livros, pregações e ministério têm atingido milhões de pessoas em todo o mundo. MacArthur é presidente do ministério Grace to You e exerce seu ministério pastoral na Grace Community Church, na Califórnia.