Estudo - Rute Capitulo 01 (1/2)

Referência: Rute 1.1-22


INTRODUÇÃO


A fome é uma das experiências mais dramáticas na vida de uma pessoa. Ela produz inquietação, desespero e até mesmo a morte. Na época do profeta Eliseu, Samaria foi cercada pelos Sírios. Não entrava nem saída nada nem ninguém da cidade. O inimigo estava acampado do lado de fora. O povo de Samaria estava cercado e preso dentro dos seus muros. O pão acabou. O povo começou a passar fome. Eles tinham dinheiro, mas não tinham o que comprar. O desespero foi tão grande que as pessoas começaram a comer carne humana.

Estive na Coréia do Sul em 1997. Quando voltei para o Brasil, li na Folha de São Paulo no dia 02 de Maio/1997 que o povo da Coréia da Norte estava tão atormentado pela fome que estavam comendo os seus cadáveres.

Belém de Judá também está enfrentando um tempo de fome. A terra que manava leite e mel estava agora assolada pela fome. Aquele era o tempo dos juízes. Uma época em que o povo com frequência se desviava do Senhor (Jz 21:25). Esse tempo pode ser resumido assim: prosperidade e bênção > apostasia > castigo > arrependimento > bênção > apostasia > castigo. A seca, a invasão do inimigo, a fome era um sinal de castigo de Deus sobre o povo rebelde.


I. QUANDO FALTA PÃO NA CASA DO PÃO O POVO SE DESESPERA


1. Houve fome em Betel, a Casa do Pão – v. 1

Betel significa “a Casa do Pão”. Mas houve um dia que faltou pão na Casa do Pão. Houve um dia em que os fornos das padarias de Belém ficaram frios e as prateleiras ficaram vazias. Então, houve fome em Belém, mas não havia pão. As pessoas buscavam pão, mas não encontravam pão. Este é um retrato das igrejas hoje.

A igreja também é a Casa do Pão. As pessoas estão famintas. “Eis que vêm dias , diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor” (Amós 8:11). Muitas pessoas buscam Deus na igreja, mas não encontram. Encontram muito do homem e pouco de Deus. Encontram muito ritual, mas pouco pão espiritual. Encontram muito da terra e pouco do céu.

Hoje muitas pessoas estão famintas de outras coisas e não famintas de Deus. Buscam conhecer a respeito de Deus, mas não conhecer a Deus. Posso ter muita informação sobre Deus e não ter intimidade com ele. Conheço bastante sobre FHC, mas não tenho intimidade com ele. Temos hoje igrejas cheias de pessoas vazias de Deus e igrejas vazias de pessoas cheias de Deus. Precisamos ter fome de Deus.

O salmista disse: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42:2). Os filhos de Coré diziam “O meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo” (Sl 84:2). As pessoas hoje estão buscando as bênçãos de Deus e não o Deus das bênçãos. Querem os dons e não o doador. Querem as bênçãos e não o abençoador. Pessoas que buscam seus interesses e não a glória de Deus. Têm fome das coisas da terra e não das coisas do céu.

Ter fome de Deus é fazer como Paulo: considerar como lixo os favores da terra por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo. É não se contentar com farelo, com palha seca, com pão embolorado. Você tem fome de Deus? Você tem ansiado por Deus mais do que os guardas pelo romper da alva? Você tem clamado como Moisés: “Oh, Senhor eu quero ver a tua glória!”. Você tem clamado como Eliseu: “Senhor, eu quero porção dobrada do teu Espírito!” Ou será que estamos satisfeitos conosco mesmos como a igreja de Laodicéia?

Oh! A maior necessidade da igreja hoje é da presença de Deus, é da glória de Deus, é da manifestação de Deus em seu meio, é de pão na Casa do Pão!


II. QUANDO FALTA PÃO NA CASA DO PÃO AS PESSOAS DEIXAM A CASA DO PÃO – V. 1


1. Pessoas famintas deixam a Casa do Pão, quando não há pão na Casa do Pão – v. 1

A fome traz grande inquietação. Houve desespero em Belém. Era um tempo de apostasia, de descompromisso com Deus. O período dos juízes foi o tempo mais turbulento da história de Israel. A Palavra de Deus era rara. O povo vivia oprimido nas mãos de seus inimigos. O povo não perseverava em buscar o Senhor. Só se voltavam para Deus na hora da aflição, mas se esquecia de Deus na hora de fartura.

Elimeleque, Noemi, Malom e Quiliom abandonaram Belém. Fugiram de Belém. Eles saíram guiados pela visão humana e não pela fé. Como Ló buscaram segurança e não a vontade de Deus. Buscaram novos horizontes onde saciar a sua fome. A razão porque eles deixaram a Casa do Pão é que não havia pão na Casa do Pão.

É uma constatação muito simples: Por que as pessoas deixam as igrejas ou não vêm para a igreja? Porque não há pão. O pão era parte das práticas do templo também, era prova da presença do Senhor: o pão da proposição, o pão da Presença. O pão indicava a presença de Deus. As pessoas estão procurando desesperadamente algum lugar onde encontrar pão, onde saciar sua fome, onde satisfazer suas profundas necessidades. As pessoas estão se dirigindo aos bares porque estão famintas. Elas vão aos clubes porque estão com uma grande fome interior. Elas buscam os centros espíritas porque há um buraco na alma delas com fome de Deus. Elas usam cristais em seus pescoços buscando entrar em contato com o mundo espiritual. Elas se atropelam em filas para grandes seminários sobre iluminação espiritual e paz interior, engolindo passivamente, todo o lixo que lhes está sendo passado como se fosse a última revelação do outro mundo.

Oh! Isso deveria envergonhar a igreja. Milhões de pessoas estão procurando Pão onde só há veneno, porque há escassez de Pão na Casa do Pão.

Oh! O que é triste é que às vezes, essas pessoas procuram a igreja, mas não encontram nada na despensa, nada além de prateleiras vazias, gavetas cheias de receitas para pão, fornos frios e empoeirados.

Temos anunciado que há pão em nossa Belém. Mas quando vem a fome, tudo o que fazemos é sair em busca das migalhas dos avivamentos passados. Falamos sobre o que Deus fez e onde ele esteve, mas podemos dizer muito pouco sobre o que ele está fazendo entre nós hoje. E a culpa não é de Deus, é nosssa. Temos apenas um resíduo da glória que se extingue. Mas somos como Moisés ao descer do monte: mantemos o véu sobre o rosto para que as pessoas pensem que ainda há glória no nosso rosto, quando a glória já se foi. Camuflamos o nosso vazio assim como o clero nos dias de Jesus, mantendo o véu no lugar tradicional, mesmo não estando mais a arca da aliança por detrás dele. No passado a glória deixou a tenda, o templo, a cidade. Mantemos as estruturas, os rituais, mas falta-nos a glória de Deus!

As pessoas vêm às nossas igrejas, mas elas não vêem Deus na sua glória entre nós. Dizemos para elas: Deus está aqui, mas elas não o vêem. Uma coisa é a onipresença de Deus, outra é a presença manifesta de Deus. É impossível Deus se manifestar e as pessoas não o notarem. Jacó disse: Esse lugar é tremendo! É a porta do Céu, é a Casa de Deus.

As pessoas têm vindo à Casa do Pão, frequentemente, apenas para descobrir que aqui existe muito de homens e pouco de Deus. Deus quer restaurar entre nós o senso da sua glória. Cada vez mais falamos da glória de Deus cobrindo a Terra, mas como ela vai fluir pelas ruas das nossas cidades, se não pode nem mesmo fluir pelos corredores das nossas igrejas? Se não há pão na Casa do Pão, os famintos buscarão outros lugares para saciarem a sua fome!